sábado, 14 de janeiro de 2012


PORTIFÓLIO DO PROFESSOR

Tenho visto alguns professores preocupados em como fazer um portifólio. Na verdade não existe receita, visto que ele é um retrato da construção do que se faz, e como o faz, é individual, pessoal e intransferível. Segundo Hernandes (2000) um portifólio precisa conter:
Artefatos: são documentos produzidos durante o trabalho do curso e vão desde as atividades em sala de aula até os trabalhos realizados por iniciativa própria dos alunos ou por sugestão do professor.
As reproduções: são documentos que constituem exemplos de trabalhos, que normalmente não se recolhem em sala de aula, como gravações, impressão de página de internet, etc.
Os atestados: são documentos sobre o trabalho do aluno, preparados por outras pessoas.
As produções: são os documentos especificamente preparados para dar forma e sentido ao portifólio e incluem três tipos de materiais: a) explicação de metas; b) as reflexões; c) as anotações.
O continente: lugar onde será colocado todo o material produzido. Podendo apresentar-se em caixas, pastas, cartazes, CD-ROM, embalagens de presentes, livros, entre outros.
Ele é como um “currículo” (coloco entre aspas porque muitas pessoas já fazem o currículo como portifólio, mas o contexto é diferente e a abordagem também). Imagine o portifólio de uma modelo, ele contém os trabalhos que ela fez, no caso são fotos com poses, ou de propagandas que ele tenha feito. Esse é o trabalho dela, que ela pode mostrar para que outros tenham noção do que ela faz. Mesmo sabendo que ela é modelo e que é fotografada, as pessoas não sabem que tipo de foto ela faz, ou como ela administra seu trabalho, se é comprometida ou somente envolvida com ele, nem se ela fez algum trabalho considerado importante, para alguma empresa de renome, ou mesmo um trabalho de cunho social. Só saberão isso vendo o portifólio dela, que comprovará com imagens e /ou documentos, tudo o que ela disser sobre si.
Nós professores , fazemos inúmeras atividades no decorrer do ano, mas podemos perdê-las ou desconsiderá-las pela falta do registro. Sinto que alguns educadores que não estão acostumados a escrever, ou mesmo organizar a sua vida profissional, fazendo planejamentos, por exemplo, têm agora muita dificuldade em sistematizar o que fazem. Sentem medo, mais pela falta de costume, penso eu, do que pelo desafio em si, e encaram o portifólio como mais uma coisa a ser feita. Não é! Ele é uma sistematização, uma organização do nosso trabalho. Quem tiver acesso à ele, assim como o da modelo, terá uma idéia mais concreta de como trabalhamos de fato. Além disso, e o mais importante, é o portifólio ser, além de um instrumento de avaliação de nossos alunos, um meio que nos proporciona a reflexão sobre nossa própria prática, podendo tornar-se também um instrumento de valorização do nosso trabalho e conseqüentemente de nós mesmos. É impossível entender o portifólio sem compreender a concepção de avaliação que ele carrega. Ele permite que, através de reflexões o professor avalie constantemente sua postura, sua prática , as atividades que propõe e as ações que realiza, buscando qualidade e coerência em suas aulas. Um professor transmissor de conhecimentos, terá um amontoado de papéis, com inúmeras ações e uma prova ao final desse processo de guardar “provas” daquilo que fez e daquilo que o outro “necessitaria ter feito e não fez”.
O portifólio permite irmos muito além de condensar dados. Algumas vezes na correria do dia-a-dia, mesmo se tivermos uma concepção construtivista, podemos amontoar papéis, que até tiveram uma boa intenção ao serem planejados e aplicados, mas que ficam obsoletos, presos a nossa falta de tempo, de refletir sobre eles e com isso repensar nossa prática, ensinando nossos alunos a fazer o mesmo, mediando a construção do seu aprendizado, da sua criticidade e da sua autonomia. Podemos, com o portifólio, avaliar esse processo de construção, contando não só com uma folha de papel, onde eles iriam depositar o que deveriam ter aprendido. Sabemos que avaliar assim restringe e desconsidera o conhecimento do aluno. Até mesmo porque fomos avaliados assim, quando na escola, enquanto alunos e muitas vezes sabíamos tudo, até que o “branco” aparecesse e simplesmente apagasse o que tínhamos guardado na memória. Sem contar as vezes que esquecíamos tudo “o que tínhamos aprendido” após “vomitarmos” o conteúdo na folha. Éramos sim belas “cabeças-bem-cheias”, repletas de um saber que não nos era útil, senão para a prova.
Seu portifólio é construção sua, e você decide, junto a pedagoga da escola em que possa também auxiliar seus alunos. Procure fazer tudo na medida em que aconteça, não deixe que as experiências se acumulem, seja organizada. Muito do que você poderá colocar nele também poderá ser feito junto com os alunos, com os pais, com a pedagoga, com seus colegas de trabalho.
DICA: Não se permita ter um final de ano conturbado. Não se sobrecarregue com o acúmulo de funções por não conseguir dizer não. Todos merecem crescer e aprender, deixe que o ouro faça o que lhe é devido. Lembre-se de que ajudar é ensinar a fazer e não fazer para o outro. Além disso só aprendemos a fazer, fazendo.
PASSO A PASSO:
Coloque sua apresentação, uma foto sua com um texto falando de você enquanto profissional, os cursos que fez, onde já trabalhou, aquilo em que acredita, no que seu trabalho se fundamenta, quais são suas angústias profissionais, suas esperanças e como fará para alcançá-las. O histórico e o patrono da escola onde está atuando. Seu planejamento anual. Avaliação diagnóstica de seus alunos. Coloque um modelo, que não precisa estar respondida, os dados que obteve e uma análise a partir deles. Quem precisa aprender o quê, quem já sabe o quê, algumas estratégias que você pensou, se precisará de alguma intervenção (qual?), se conversou com a pedagoga a respeito, dentre outras informações que considerar relevante. Como aquela ficha que preenchemos no final dos bimestres, onde anotamos o conteúdo dado, os objetivos que pretendíamos alcançar com a turma, o conceito dos alunos, e as intervenções feitas. Você poderá usar a mesma ficha para todas as avaliações, afinal o portifólio não exclui outras formas de avaliação. Se possível, peça à pedagoga que assine as sínteses e/ou relatórios das reuniões que vocês fizeram ao longo do ano e anexe ao seu portifólio. Sobre o conselho de classe, basta anotar o que foi abordado e citar a data e talvez o número da página do caderno de ata. Seu planejamento diário pode fazer parte do portifólio. Mediante as avaliações feitas no decorrer do ano, sejam elas atividades ou provas, você pode anotar as mudanças que serão feitas no plano anterior, para atender as necessidades de sua turma. Além disso, pode-se também registrar fatos alheios a sua vontade que impediram algum planejamento de ser feito. Por exemplo, se iam sair e choveu, você registra que não foram e porquê. Se alguma criança se machucou ou passou mal e você teve que dedicar um tempo maior a ela. Se sua aula foi interrompida inúmeras vezes, por conta de bilhetes para receber ou entregar, ou recados para ler e assinar. Você pode elaborar uma ficha, ou utilizar algum registro que a escola já possua, para anotar os alunos que se desenvolveram mais facilmente, ou os que apresentam alguma dificuldade, acompanhando suas atitudes, seu interesse, as dificuldades que apresentam, registrando as providências que foram tomadas (atendimento aos pais, atividades diferenciadas, monitoria, intervenção da pedagoga, encaminhamentos, dentre outros). Você pode colocar também uma ficha, onde anotará os alunos que não fazem as tarefas, que não participam em sala de aula ou os que participam e atendem suas solicitações. Anotar as dificuldades dos alunos e as suas em lidar com elas proporciona uma facilidade maior em refletir sobre as intervenções necessárias. Projetos e/ou atividades extra-classe que forem desenvolvidos durante o ano, relatórios desses projetos com avaliação final. Essa avaliação pode ser só sua, sua com os alunos, sua com todos os envolvidos: pais, funcionários da escola e alunos. Coloque também fotos legendadas do projeto e/ou das atividades. Se houver atividades escritas dos alunos sobre o projeto, você poderá xerocar algumas para o seu portifílio. Certificados de cursos, oficinas, palestras, dentre outros que você participou e/ou ministrou, junto com reflexões sobre os mesmos. Na reflexão você faz suas considerações, o que foi bom, o que pode melhorar, relacionando-os com sua prática. Não se trata de apenas um relato. Você conta como foi e também pensa sobre como foi, o que você viu e/ou ouviu que pode ser útil para sua prática. Algumas vezes, e infelizmente, observamos situações que nos ensinam como “não fazer”, temos que ter ética para colocar essas observações no papel, podemos falar do acontecido sem expor as pessoas. Não precisam ser textos longos. Por vezes basta uma pequena nota.
Portifólio não é quantidade, e sim qualidade. Textos que você leu ao longo do ano, que te auxiliaram na elaboração de suas atividades/projetos/planejemento, com reflexões feitas sobre eles, de como eles lhe foram úteis. Pauta das reuniões de pais, listas de presença, anotações que os pais fizeram. Você pode pedir que os pais avaliem as reuniões, digam sobre o que querem saber (além da “nota” do filho), coloquem suas dúvidas, sugestões, para que possam ser trabalhadas numa próxima reunião. Assim você pode levá-los à escola para saber mais sobre coisas que lhe interessam e que dizem respeito a seus filhos, mas sem correr o risco de chamar aquele pai que vai apenas para ouvir que o filho tem e precisa melhorar. Você pode pedir que sua pedagoga acompanhe a construção do seu portifólio, orientando, por escrito, como você pode melhorá-lo. Além disso, esses registros que ela produzirá, são alguns dos atestados que você necessita anexar no portifólio, afinal são necessários partilha e confronto de saberes para se construir conhecimento. Selecione todo o material que você irá colocar no portifólio. Não precisa colocar tudo o que você fizer. Tenha uma seqüência de registros. Uma intervenção, por exemplo, não pode vir antes da avaliação. Se você decidir, portanto, mudar uma forma de explicar um conteúdo, ou alguma atitude sua dentro de sala, essa mudança estará embasada em algo que aconteceu anteriormente, em um estudo feito, em uma reflexão acerca desse estudo e de sua relação com o ocorrido. Os registros precisam estar na mesma ordem em que ocorrerem, para serem coerentes.
Bom trabalho!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011


ENSINO FUNDAMENTAL: 57% SAEM DO 3º ANO SEM SABER MATEMÁTICA
ALTERA O
TAMANHO DA LETRA

Dados da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), aplicada a crianças que concluíram o 3.º ano do fundamental, revelam que 56,1% dos alunos aprenderam o que era esperado em leitura para este nível do ensino e 42,8% em Matemática. O estudo apontou uma variação grande entre as regiões do País e as redes de ensino pública e privada.

A prova foi aplicada no 1º semestre a cerca de 6 mil alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais e é uma parceria do Todos Pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro /IBOPE, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Os resultados foram apresentados na escalas do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), de 175 pontos. Ao atingir essa marca, o aluno consegue, em leitura, identificar temas de uma narrativa, localizar informações, identificar características de personagens e perceber relações de causa e efeito. Em matemática, com a pontuação eles conseguem dominar a adição, subtração e resolvem problemas que envolvem notas e moedas.

Em leitura, o desempenho dos alunos foi de 185,8 pontos na escala Saeb - 56,1% do total das crianças aprenderam o que era esperado. A tabela abaixo mostra a discrepância entre o rendimento de escolas privadas, em que 79% tiveram desempenho conforme as expectativas, e as públicas, em que o mesmo índice foi de 48,6%.

Já em matemática, a pontuação foi de 171,1, com 42,8% das crianças com resultado esperado. O índice chegou a 28,3% na região Norte, a pior, e a 55% na Sul, a melhor.

Os alunos também tiveram de fazer uma redação, em que foram examinados os seguintes critérios: grafia das palavras, adequação às normas gramaticais, segmentação de palavras e pontuação. De uma escala que vai de 0 a 100 pontos, o desempenho esperado dos alunos de 3º ano é de pelo menos 75 pontos.

As informações são do Estadão
SECOM/CPP
fonte: http://www.cpp.org.br

Portal do CPP - Centro do Professorado Paulista

Portal do CPP - Centro do Professorado Paulista

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Níveis de Alfabetização

Vamos destacar os cinco principais: 



1)Pré-Silábico – Nesta fase, os alunos escrevem rabiscos ou até mesmo letras para representar as palavras, porém sem nenhum vínculo com o que é falado.
Exemplos: A R M S MO H A O R U I L N M (brigadeiro), A (brigadeiro)

2)Silábico sem valor sonoro (Intermediário 1) –O aluno representa o que ouve com a quantidade certa de sílabas, porém, sem relacionar o que ouve com a representação gráfica.
Exemplo:
R O M T (brigadeiro)

3)Silábico com valor sonoro – Nesta fase, os alunos representam graficamente aquilo que ouvem, através da utilização de uma das letras de cada sílaba, representando cada uma com uma das letras presentes na mesma.
Exemplo:
I A E O – B H D O (brigadeiro)



4)Silábico Alfabético (Intermediário 2) –O aluno representa o que ouve com a quantidade certa de sílabas, ora, representando graficamente a sílaba por inteiro misturada a letras isoladas do fonema contido na sílaba, ora, representa a sílaba com outra letra que representa o mesmo fonema.
Exemplos:
P I P O K (pipoca), S U K O (suco), B I Z (bis)

5) Alfabético – Nesse nível de alfabetização, a criança já apresenta um domínio da escrita, incluindo as sílabas complexas,mas é bem comum bastante erros ortográficos,isso vai diminuir com o passar do tempo.
Exemplos: BRIGADEIRO, PIPOCA, SUCO, BIS, camizeta


Fonte: http://www.webartigos.com/articles/14595/1/Niveis-de-Alfabetizacao/pagina1.html#ixzz0yzRc8oix

Obs: O aluno alfabético escreve foneticamente e não ortográficamente. 


*Agrupamento Produtivo: 
Devemos agrupar os alunos da seguinte forma:
* Aluno silábico sem valor sonoro com outro que esteja silábico com valor sonoro
* Aluno silábico com valor sonoro, mas que tenha pouco repertório de letras com outro aluno silábico com valor sonoro com rico repertório de letras.
*Aluno pré silábico com Aluno silábico sem valor sonoro.
*Aluno silábico –alfabético com aluno alfabético, etc.

FERREIRO, Emília. Com todas as letras. Editora Cortez. São Paulo, 1993.

*Sugestões de Atividades: Professor, você poderá usar várias atividades com seus alunos, sempre de acordo com os níveis, aproveite as dicas:


-PARA O ALUNO PRÉ-SILÁBICO(com e sem valor) 
*Trabalho intenso com os nomes das crianças, destacando as letras iniciais (fichas, Crachás e alfabeto móvel)
*Contato com farto material escrito (revistas, jornais, poesias, músicas, cartazes, livros, jogos, rótulos, embalagens, textos do professor e dos alunos, parlendas, entre outros)
*Jogos com o alfabeto móvel: formar o próprio nome e o dos colegas, separar e agrupar letras iguais
*Desenho livre, pintura, modelagem, recorte e colagem, dobradura.
*Observação de atos de leitura e escrita
*Associar palavras e objetos;
*Memorizar palavras globalmente;
*Analisar palavras quanto ao número de letras, inicial e final;
*Distinguir letras e números;
*Reconhecer as letras do alfabeto (cursiva e bastão);
*Familiarizar-se com os aspectos sonoros das letras através das iniciais de palavras
*significativas;
*Relacionar discurso oral e texto escrito;
*Distinguir imagem de escrita;
*Observar a orientação espacial dos textos;
Produzir textos pré-silabicamente;
*Ouvir e compreender histórias;
*Identificar letras e palavras em textos de conteúdo conhecido.
*Sorteio de letras;
*Alfabeto concreto e ilustrado;
*Jogo da memória (letras, figuras e letras);
*Jogos das argolas;
*Jogo da pescaria;
*Dados (letras, figuras);
*Quebra-cabeça de figuras e iniciais;
*Quadro classificatório de objetos;
*Atividades com rótulos;
*Confecção “Meu dicionário” (colagem de figuras).
*Caixa surpresa;
*Bingos (figuras, letras, nomes, números, etc.);
*Boliche;
*Batata-quente;
*Corre cutia.
*Histórias mudas
*Quantas letras tem?
*Etiquetar o material e as partes da salajunto com os alunos.

-Atividades para silábico-alfabéticos e alfabéticos: 
*Palavra secreta;
*Jogo das caixinhas ou envelope;
*Listagens individuais;
*Detetive ou salada de letras;
*Cruzadinhas;
*Frases coletivas ou individuais;
*Frases enigmáticas;
*Forca;
*Stop;
*Atividades envolvendo os diversos portadores de texto;
*Textos coletivos.
*Associar palavras e objetos;
*Memorizar palavras globalmente;
*Analisar palavras quanto ao número de letras, inicial e final;
*Distinguir letras e números;
*Reconhecer as letras do alfabeto (cursiva e bastão);
*Familiarizar-se com os aspectos sonoros das letras através das iniciais de palavras significativas;
*Relacionar discurso oral e texto escrito; 
*Distinguir imagem de escrita;
*Observar a orientação espacial dos textos;
*Produzir textos pré-silabicamente;
*Ouvir e compreender histórias;
*Identificar letras e palavras em textos de conteúdo conhecido. 

Fonte: A arte de Educar com Amor - 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

STF define em votação salário base do professor

Thursday, 07 de April de 2011 às 1:01
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram ontem a favor do piso nacional para professores como valor mínimo a ser recebido por educadores por 40 horas semanais. A lei 11.738 proposta pelo Ministério da Educação e aprovada no Congresso Nacional era questionada desde sua publicação em 2008 por ação conjunta dos governos do Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com o julgamento, o valor que na época era de R$ 950 e hoje está atualizado em R$1.187 está vigente.
A ação dos Estados pedia que fosse considerada a remuneração total dos professores, incluídas gratificações e bônus e alegava que poderia faltar dinheiro para o pagamento dos educadores. Os ministros consideraram que um piso mínimo para valorização do professor foi previsto na constituição e cabe à união agora complementar o orçamento dos governos que comprovadamente não possuírem recursos para pagá-lo. O Ministério da Educação já adota essa prática.

Hora de atividade pedagógica

Outro argumento da ação, o de que a lei feria o princípio de autonomia das unidades da federação ao estabelecer que das 40 horas semanais e que, destas, um terço deveria ser reservado a atividades extraclasse – como planejamento pedagógico, formação profissional e pesquisas para aulas – foi considerado procedente.
A votação final seguiu o parecer do relator do caso, o ministro Joaquim Barbosa, que foi favorável à instituição do piso, mas manteve o pedido de inconstitucionalidade em relação ao estabelecimento de tempo fora da sala de aula. “A união não pode esgotar todas as particularidades locais”, disse.
O ministro Luiz Fux, mais recente empossado no STF por indicação da presidenta Dilma Rousseff, votou pela aprovação da lei na íntegra, mantendo a imposição da carga horária reservada ao planejamento e formação de professores. “Não enxergo nenhuma ruptura do pacto federativo, não acho possível falar em piso nacional sem falar em carga horária”, afirmou durante o debate.
Gilmar Mendes e Marco Aurélio argumentaram que alguns Estados são dependentes de repasses da União e que a lei era “sucinta e superficial” em relação a complementação da união. “Não cabe ao governo federal legislar sobre funcionalismo estadual e municipal, depois eles não consiguirão pagar e cairão na lei de responsabilidade fiscal e, então, não poderão receber recurso da união. É preocupante”, colocou Mendes. “A lei é justa, mas não é constitucional”, complementou Aurélio.
Barbosa ponderou que em relação a verbas, os representantes dos Estados no Congresso tinham “plena consciência” quando votaram pelo piso.
Por último, o presidente do STF Ayres Brito destacou os dois pontos da constituição que falam em valorização do professor e que prevêem piso federal para professor. “Portanto, não há como dizer que não seja constitucional. A cláusula da reserva financeira não pode operar sobre a educação, tão importante para a legislação que é citada 96 vezes na constituição.”

Artigo disponível no site Rota 83